Púlpito cristão: um lugar de autoridade digno apenas dos vocacionados?
O púlpito cristão para muitas pessoas é um lugar de destaque no templo, mas até que ponto essa ideia condiz com a doutrina cristã? Para outros, se trata de um altar dedicado a Deus, quando na verdade a sua existência por si só não significa nada.
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Nesse artigo veremos qual é o lugar do púlpito cristão na Igreja e a sua importância, não para a doutrina bíblica, mas para a pregação do evangelho e compreensão da sociedade sobre às figuras de autoridade que ocupam esses espaços.
Púlpito não é altar
Conhecido como o lugar onde os pregadores fazem seus sermões, o púlpito é nada mais do que um objeto que visa dar apoio e destaque ao pregador diante de uma plateia, servindo como local onde pode ser manuseado mais facilmente livros e outros adereços.
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O termo vem do latim “pulpitum”, que significa “plataforma” ou “palco”, razão pela qual o púlpito cristão geralmente é posicionado na parte mais elevada do templo, assim como em outros locais, tipo assembleias e auditórios universitários, onde também é utilizado.
O púlpito se diferencia conceitualmente do altar porque esse último é lugar de sacrifício, como podemos observar nas passagens de Gênesis 8:20; 12:7. O sacrifício foi instituído por Deus (Ex. 20:24-26; 29:12-46; 30:1-10; 40:26-29; Lv. 1-7) como forma de penitência dos pecados.
Uma vez que Jesus Cristo se deu como sacrifício único e suficiente em função dos pecados de toda a humanidade, a função do altar como lugar de sacrifício deixou de existir, passando a ser apenas um local simbólico de respeito e adoração a Deus.
Através de Cristo, o templo do Espírito Santo passou a ser o próprio ser humano. “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz… Na sua carne desfez a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças…”, diz Efésios 2:13-16, como também 1 Coríntios 6:19,20.]
Lugar de pregação e avisos
Uma vez que o altar como lugar de sacrifício deixou de existir, o púlpito cristão passou a ser utilizado como um local de destaque para pregações e até avisos. Até o século XVIII, por exemplo, era muito comum nos países de língua inglesa a existência de três locais desse tipo.
Eles eram postos em alturas diferentes (andares), indicando o grau de importância de cada nível. O mais baixo era utilizado para avisos à congregação, o do meio para a leitura da Bíblia e o mais alto para a pregação do Evangelho.
É importante frisar, no entanto, que na época de Jesus Cristo e seus discípulos o púlpito não foi utilizado, visto que ainda não existiam templos cristãos. Mas isso não significa que o objeto não foi útil ao povo de Deus. Em Neemias, por exemplo, vemos que Esdras o utilizou para ler às Escrituras.
“E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres, e todos os que podiam ouvir com entendimento, no primeiro dia do sétimo mês… E Esdras, o escriba, estava sobre um púlpito de madeira, que fizeram para aquele fim”, diz o capítulo 8, versos 2 e 4.
Como podemos notar, mesmo que não tenha sido usado inicialmente por Jesus, o púlpito já era utilizado pelo povo de Deus com a finalidade de destacar o pregador, servindo também como apoio no manuseio das Escrituras, exatamente como nos dias de hoje.
Púlpito só para vocacionados?
Finalmente, chegamos à questão central desse artigo, que é entender a importância do púlpito cristão no contexto da igreja. Quando nos referimos a esse objeto, no entanto, estamos falando do lugar que ele representa e não do elemento em si.
Ora, se cada ser humano convertido a Cristo é um altar de habitação do Espírito Santo, logo, não há qualquer impedimento doutrinário para que um não vocacionado “suba” ao lugar do púlpito, visto que não existe sacralidade alguma ali.
Diferentemente da época dos antigos sacerdotes, onde o Santo dos Santos (no templo) era reservado exclusivamente para o sacerdote que se dedicava à santidade para poder entrar nele, a fim de ali oferecer sacrifícios, agora todo ser humano possui acesso direto ao Senhor, através de Jesus.
Mas, se qualquer pessoa pode subir no púlpito cristão, isto significa que ele deve ser visto como um lugar qualquer? A resposta é não!
Apesar de não haver impedimento para que um não vocacionado utilize o púlpito, inclusive para pregações, este é um lugar que deve ser visto com o máximo de respeito, já que é nele onde a Palavra de Deus é proclamada à congregação.
Ou seja, o púlpito na igreja cristã é lugar de autoridade e não de brincadeiras. Podemos voltar ao livro de Neemias para ver um exemplo claro disso, também no capítulo 8, mas nos versos 5 e 6, onde está escrito:
“Esdras abriu o livro perante à vista de todo o povo; porque estava acima de todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé. E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém, Amém! levantando as suas mãos; e inclinaram suas cabeças, e adoraram ao Senhor, com os rostos em terra.”
Como vimos no verso 4, Esdras estava em um púlpito quando falou ao povo, lendo as Escrituras, e ali Deus foi adorado. Portanto, apesar do objeto não possuir qualquer sacralidade e agora, após Cristo, nem mesmo o altar, o púlpito é um lugar de respeito e autoridade, sendo essa a maneira que deve ser tratado, independentemente de quem esteja nele.
https://www.pulpitocristao.com.br/como-identificar-hereges-igreja/